terça-feira, 22 de novembro de 2011

LIXO TECNOLÓGICO - O que fazer com ele?

LIXO TECNOLÓGICO - O que fazer com ele?
O MUNDO JOGA FORA 50 MILHÕES DE TONELADAS DE SUCATA ELETRÔNICA POR ANO, ENTRE COMPUTADORES, CELULARES, TELEVISORES E APARELHOS DE SOM. SAIBA COMO DESCARTAR PRODUTOS VELHOS SEM AGREDIR O MEIO AMBIENTE - DA REDAÇÃO (Correio Braziliense – 12/02/2008 – seção de informática)

Quando mensagens inconvenientes — propagandas, correntes, malas diretas virtuais — lotam as caixas de entrada de e-mails, basta clicar no botão excluir para eliminá-las. No entanto, em relação a outro tipo de lixo, que advém da evolução tecnológica e da atualização periódica, como computadores e telefones celulares, pouca gente sabe como se desfazer dele. E isso é grave: afinal, o lixo tecnológico traz danos bem mais sérios que a chateação causada por um e-mail indesejável. Para se ter uma idéia de como anda o mercado, este ano serão vendidos 10,1 milhões de computadores. Segundo projeção da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a venda de aparelhos celulares chegará a 48,8 milhões de unidades. Com tudo isso, as estimativas não poderiam ser mais alarmantes: mais de 30 milhões de aparelhos antigos serão descartados ou esquecidos no armário até o final do ano. E aí, o que fazer com eles?
A resposta parece fácil, mas não é. Quem está atolado de equipamentos sem uso, atualmente possui três opções para um descarte sem agressão ao meio ambiente: entregá-los ao fabricante, se esse tiver um programa específico para isso, o que não é o caso da maioria das companhias; vender; ou doar para uma instituição de caridade ou empresas de reciclagem. Desfazer- se de aparelhos velhos e ainda levar uma graninha foi a saída encontrada pelo comerciante Ademir Fernandes, 37 anos, para passar à frente algumas velharias eletrônicas. Ele decidiu anunciá-las em um site de compra e venda. “Vendi dois computadores por menos da metade do valor que eu paguei há três anos. É pouco, mas é melhor do que nada”, ressalta.
O mundo joga fora 50 milhões de toneladas de sucata eletrônica por ano, em todo mundo, segundo o Greenpeace. Porém, governos, consumidores e, principalmente, os fabricantes dos produtos, agem vagarosamente para solucionar a falta de destinação correta para esse tipo de resíduos. O professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Moraes Guaritá explica que o lixo tecnológico é tratado como resíduo químico durante a coleta e é jogado em aterros, causando contaminação do solo, da água e, conseqüentemente, dos alimentos. “O material plástico das carcaças de computador leva séculos para se decompor na natureza. Componentes como placas-mãe são compostos de metais pesados como mercúrio, chumbo e cádmio”, exemplifica. Metais pesados podem causar danos ao sistema nervoso, edemas pulmonares, câncer, além de serem nocivos ao meio ambiente.

Quem é o dono?
Diferentemente do que ocorre na Europa (onde, por lei, os fabricantes são obrigadosa recolher e reciclar equipamentos antigos), no Brasil a maioria das empresas deixa os usuários desamparados na hora de descartar os eletrônicos. Por aqui, discute- se a Política Nacional de Resíduos Sólidos há 15 anos e as tentativas de implementá- la estão paradas no Congresso desde 1980. É isso mesmo: desde 1980!!! Em 2005, ela até que foi reformulada, mas não saiu do papel. Eis a razão: a Política prevê que os fabricantes são responsáveis pela reciclagem do lixo eletrônico, mas as companhias não admitem.
Segundo o gerente de programas ambientais urbanos do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Pellegrini Bandini, o setor público é responsável pelo lixo domiciliar, mas não pelo tecnológico. “Podemos oferecer o serviço de coleta para esse tipo de resíduo, mas teremos que cobrar das empresas — que são as responsáveis pelo que produzem”. O supervisor de Meio Ambiente da Motorola, Luiz Ceolato considera a Política de Resíduos importante, mas diz que ela só funcionará com a participação da sociedade. “Após a venda, o produto pertence ao comprador, que tem a sua parcela de responsabilidade. Além disso, é preciso infra-estrutura para as empresas de reciclagem e apoio do governo para que custos não sejam repassados para consumidor final”, alerta.
Procuradas pelo Correio, Panasonic e LG afirmaram não ter nenhum programa para a coleta de equipamentos usados. A Positivo Informática não respondeu às perguntas. “Isso é um absurdo. Hoje, você não consome um produto só porque ele é barato ou pela qualidade. Mas também leva em consideração se a empresa é ecologicamente correta. A humanidade agradece se as companhias cumprirem seu papel na reciclagem e elas só têm a lucrar”, afirma a diretora de pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), com sede em São Paulo.

NEM TUDO É LIXO - DA REDAÇÃO

Os dicionários da língua portuguesa definem a palavra lixo da seguinte maneira: coisas inúteis, sem valor, velhas; aquilo que se varre da casa e em geral não presta e se joga fora. Mas você já parou para pensar que muito do que é considerado sem valor poder ser aproveitado por outras pessoas? Materiais que ainda podem ser usados para outros fins mesmo depois de serem descartados passam a ser chamados de reaproveitáveis, enquanto aqueles que, após jogados fora, sofrem transformações para serem usados novamente são denominados recicláveis. É com esses conceitos que os
alunos do projeto de robótica da Escola Técnica de Brasília (ETB), em Taguatinga, Alexandro Coutinho e Edson Miranda Júnior, ambos com 20 anos, trabalham diariamente ao utilizar sucata eletrônica como material básico para criação de robôs. “As pessoas não fazem idéia da riqueza que está no lixo”, diz Alexandro.
Do e-lixo, surgiu, entre vários outros, o protótipo do robô “Faxinero”, projetado para fazer limpeza automatizada em superfícies planas. Ele funciona com rodas e tem na base duas espécies de vassouras rotativas que sugam a sujeira para dentro de um compartimento quadrado. As funções podem ser comparadas com a de um aspirador de pó. No entanto, não precisa ser controlado pelo homem. “Aproveitamos todo tipo de material. Nesse robô, por exemplo, usamos até uma tela de microondas para programar o tempo de limpeza”, diz o professor do responsável pelo projeto, Newton Marcos Almeida.
O que é lixo para uns pode ser instrumento de aprendizagem para crianças carentes. O Comitê de Democratização da Informática (CDI) recebe doações de máquinas velhas para montagem de escolas de informática.
“Cerca de 70% das máquinas que chegam são aproveitadas e já contribuíram para a formação de 6 mil alunos de 40 escolas em todo o DF”, relata a coordenadora pedagógica do projeto, Blenda Oliveira. Caso o equipamento doado não sirva para o aproveitamento, ele é enviado para a Cooperativa de Coleta Seletiva, na Estrutural.
Considerado imprestáveis pelos doadores, computadores permitiram que o operador de sistema, Roger Martins de Deus, 20 anos, conquistasse espaço no mercado de trabalho, no final do ano passado. Após três anos no programa de inclusão digital no Centro de Recondicionamento de Computador (CRC) do Gama, ele pôs em prática o que aprendeu: a recuperação de PCs que, entre tantos consertados por ele, são utilizados em escolas e bibliotecas públicas.

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